We are fluid dreams, vivid memories..All uncertainly leads to eternity...
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
último do ano.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2023
Preciso aprender a ser menos.
O título desse blog diz muito sobre mim. É isso: eu transbordo. Não caibo em mim. É difícil me conter.
Mas, mais do que nunca: É PRECISO.
Eu preciso aprender a pensar (mais) antes de falar. Sei que já faço esse exercício há muitos anos, falho às vezes, mas tenho claro comigo que todos os dias eu pratico um pouco.
Preciso entrar em um intensivo.
Ser um pouco menos. E entender que posso encontrar outras formas de extravasar que não com os outros a minha volta. Indiferença. É preciso praticar. É urgente.
terça-feira, 7 de novembro de 2023
MEA CULPA e desconforto constante
Desde que voltei da França o desconforto faz parte dos meus dias. Voltei para a casa dos meus pais, com meu marido, que terminará o doutorado dentro de alguns meses. Essa decisão não partiu de nós, foi um pedido da minha mãe por meu pai estar trabalhando fora e meu irmão mais novo em intercambio. Ela não queria dormir sozinha tantos dias, e nos fez esse pedido. Racionalmente, pra nós dois seria bom pelo momento que vivemos e porque também tínhamos o plano de comprar um carro. Logo, poderíamos economizar no aluguel por alguns meses, PH escreve sua tese com calma e eu teria o escritório para organizar minha vida profissional. Além disso, temos Jimmy, o cachorro que agora está sozinho após a partida de seu pai e companheiro Willow. Jimmy, inclusive, tem demandado muitos cuidados visto que é um golden de 8 anos, alergias e ansiedade que precisa de atenção. Compramos o carro, e tudo esta caminhando bem na prática, recebemos a família do PH em casa pela primeira vez em quase 10 anos de relacionamento. Para isso, precisamos reparar vários problemas da casa, entre infiltrações antigas e novas, vazamentos, rachaduras, pintura da fachada, entre várias outras manutenções que foram sendo deixadas de lado ao longo do tempo que estive fora. A casa precisa urgentemente de cuidado. E eu fui essa pessoa, além de alugar um imóvel que vagou. Todas essas coisas precisam ser levadas adiante por alguém que disponha de tempo para tal. É fácil reclamar que as coisas estão ruins, mas para resolvê-las é preciso olhar com cuidado e acompanhar, não é simplesmente pagar alguém e acabou. Além de tudo isso, houve um outro caso grave que aconteceu, ainda bem que sem vítimas, que foi uma batida grave no carro da casa, que estava estacionado. O conserto, a pesquisa, idas e vindas das oficinas, tudo isso foi feita por nós dois, PH e eu. Também houve o aniversário de 80 anos da minha avó em outra cidade, aniversário de 1 ano da bebê da família também em outra cidade, entre outros eventos que foram viabilizados pelo nosso carro, uma vez que estávamos sem o carro da família. Estamos em novembro e desde julho deste ano muita coisa aconteceu. Descobri que vou ser tia, inclusive. E, por fim, meu pai teve um problema grave de coluna que o faz sentir uma dor descomunal que o inviabiliza de ir trabalhar. Mais uma vez, PH e eu o levamos no nosso carro ao hospital várias vezes e paramos nossa vida para colaborar. Num dia atípico minha avó precisou que alguém a levasse em casa e fomos nós que novamente o fizemos. Noutro dia, levamos um colchão que ela acabara de comprar até a casa dela. Compramos a TV, a recebemos, a levamos até a casa dela e a instalamos. Voltamos lá algumas vezes para resolver questões de áudio e do filtro de água, a pedido dela.
Contudo, no meio de todo esse movimento não voltei a trabalhar. Não peguei novos projetos, nem embarquei para outra área, embora tenha sido sondada. Trabalhei no Hotel antes de viajar para ter mais dinheiro e poder pagar minhas despesas fora do Brasil. Mas, a experiência foi estressante e mal remunerada, coisa que descobri só depois. Cumpri bem minhas tarefas e deixei as portas abertas, porém me senti lesada depois por perceber que fui extremamente sub remunerada... Agora, novembro, a dois meses do fim do ano, a sensação de desconforto me persegue. Me sinto inútil, me sinto incomodando, me sinto fingindo que está tudo bem, fingindo que gosto da minha situação. Mas estou psicologicamente muito abalada. Às vezes acho que deveria estar tomando algum remédio que me tirasse essa sensação ruim do peito, algo que me dopasse da realidade. Ainda estou sem plano de saúde porque sinto que é mais um sinônimo de "folgada" que meus pais paguem. Não queria abandonar minha carreira como arquiteta que nem começou direito e me deu muito trabalho construí-la. Mas também sei que nunca amei essa área de atuação, o mercado de trabalho convencional de projetos de interiores etc. A pesquisa me agrada, sempre gostei de estudar, mas não tenho forças pra encarar outro processo de mestrado que sei que não tenho um currículo competitivo. Andei pensando em abrir um negócio relacionado a comida em um dos imóveis dos meus pais. Aproveitar para criar algo de família, que futuramente poderia dar frutos pra mim e meus irmãos de alguma maneira.
Embora não pareça, passo meus dias lutando contra esse sentimento ruim de inutilidade. Minha cabeça está uma bagunça, mas estou tentando ao máximo não me afogar nessa culpa toda. É uma batalha interna que ninguém enxerga, até mesmo porque eu não permito. Prefiro que pensem que sou folgada e que não gosto de trabalhar, como sei que boa parte das pessoas acha, do que verem tantas fraquezas em uma pessoa de 31 anos. Sinto que estou em outro patamar da batalha interna, mas ainda não vejo com nitidez uma luz no fim do túnel. Não, não está tudo bem. Mas vai ficar.
Sobre o Mea Culpa do título, quero me referir a minha mãe. Relendo o último texto senti uma mágoa da minha parte em relação à minha mãe que hoje percebi ser injusta. A vida da minha mãe não foi fácil. Finalmente, agora, já aposentada, ela é valorizada no trabalho e sua opinião é altamente respeitada. A família que é dona das empresas que ela cuida financeiramente tem nela um porto seguro, alguém de extrema confiança. Ela tem todo o direito de sentir gratidão e de se sentir bem no trabalho. Em casa, sua vida de esposa do meu pai não é fácil. Ele não cozinha, não limpa a casa, não faz compras, não faz nem café (raríssimas exceções). Ela então tem essa jornada dupla. Além disso, ele usufrui todos os privilégios de ser homem branco meia idade. Machista no casamento. Então é muito injusto que eu sinta mágoa por ela preferir estar no trabalho do que em casa. Outra coisa é a maternidade, assunto que sei pouco de sua parte. Eu fui a primeira a nascer, não fui planejada, e quando me descobriram minha mãe disse claramente e para todos ouvirem que queria que eu fosse menino. Mas, eu não era. Era menina. E quando descobri isso, que não faz muito tempo, notei que entendi muita coisa da minha infância que eu não fazia ideia. Eu não era próxima à minha mãe, então principalmente nas questões femininas eu não contava para ela. Eu escondia, pesquisava do jeito que dava, não queria compartilhar com ela, sempre senti que essas coisas de meninas eram fraquezas e portanto eu deveria fingir que elas não existiam. Felizmente sempre tive amigos, tinha minha avó Lica, minha prima Melyssa e sempre fui muito curiosa em buscar essas informações do meu jeito. Mas é curioso notar como esse distanciamento da minha mãe nessas questões sempre foi algo muito presente na minha infância e adolescência. Sempre me senti estranha por isso e me culpava, mas muito recentemente entendi que não devo me culpar. Todo o curso das coisas levou a essa realidade. Também nunca fui carinhosa, etc etc etc. Enfim, isso daria um livro. Ou vários. rs Fato é que talvez minha mãe nunca foi perguntava se ela queria ter filhos e quando. Ela simplesmente teve três. Depois de mim veio o Roger, que segundo eles foi "planejado", mas de novo: não sei se minha mãe queria realmente ter outro filho em um intervalo tão pequeno. Fico imaginando como foi difícil para ela. No terceiro, Antonio, ela diz que não queria mais, que teve porque meu pai insistiu (...). E, de novo, isso diz tanta coisa... Eu lembro que eu não queria outro irmão também, mas me pareceu naquele momento, pensando agora, que não importava a minha opinião ou a opinião da minha mãe, a sociedade já havia tomado essa decisão por nós. Quando nasceu Antonio, eu cuidei muito dele, amava muito aquela mini pessoa. Mas, todos carregamos tantos traumas que sequer identificamos... É muito complexo, mas precisamos falar sobre esses assuntos. E falar sobre eles me faz aprofundar e isso inocenta pessoas. Isso me fez fazer as pazes com minha mãe e, sem ela ter dito uma palavra diretamente sobre tudo isso, eu pude enfim enxergar.
Me desculpa, mãe.
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
Sobre idealizações
Nos últimos dias andei pensando muito sobre Idealizar. A famosa comparação entre Expectativa e Realidade. Recebemos na família uma novidade e foi isso o que me despertou essa reflexão, embora já seja algo que penso há muito tempo, porque, é claro, já percebi como apesar de normal que se idealize, é também prejudicial viver nas/das idealizações.
Idealizamos nossa família, em especial nosso pai e nossa mãe. Estas talvez sejam nossas primeiras frustrações. Posso falar por mim aqui, e sim, me frustrei muito quando tive consciência e comecei a comparar o ideal com a realidade possível. Somos feitos, todos, de defeitos, de falta de lógica, de falta de empatia, de ganância, de pressão, de cobrança, de luxúria etc. Nossos pais são assim também, porque são humanos e tiveram uma educação imperfeita também nessa direção.
Acredito que a partir da internet e da possibilidade de acessar outras famílias, com conteúdos voltados para educação e criação de seus filhos por exemplo, e também tendo acesso à informações que nos contam sobre certos comportamentos que não deveriam acontecer, que são tóxicos, narcisistas etc, passamos a olhar para nossos lares e para nossa própria criação. Daí, pelo menos no meu caso, a frustração foi certeira.
Minha mãe só pensa em trabalho. Realmente acredito que ela só é feliz quando está no trabalho ou quando está com suas irmãs. Para ela, se você não bate o ponto todos os dias, você é um fracasso, e até a expressão dela muda pra você. Eu me sinto um fracasso perto dela, porque minha vida não é típica, apesar de ter me formado, de falar 3 idiomas etc. Por um tempo trabalhei com ela e pude ver como lá ela desabrocha, se solta, embora ainda haja um filtro de muita submissão, lá ela é uma pessoa completamente diferente do que é em casa. Então não sei qual é a versão mais autêntica, mais livre, mais real.
Meu pai já tem uma visão diferente, sinto que ele é mais feliz em casa. No trabalho é muito cobrado e podado, e se ele não se encaixa é cobrado por isso, com demissões e/ou advertências. Muitas vezes eu sinto que ele reproduz o que recebe no trabalho em casa, e acaba por querer se mostrar superior em casa, já que no trabalho nem sempre pode. Acredito ser uma insegurança porque no trabalho ele deve obediência a outras pessoas. No entanto ele faz questão de fazermos passeio sem família, sempre insiste para que todos vão. Somos a única família que ele tem (ao contrário da minha mãe). Mas, a cobrança e a pressão que ele impõe muitas vezes sobre mim é difícil de carregar. Sei que ele conta muito comigo, mas às vezes eu só queria encontrar um pai que me desse um pouco de paz emocional. Sei que ele talvez não teve isso e portanto, nem percebe o quanto pressiona. Mas, lidar com todos os traumas dos outros e os nossos todo o tempo, é realmente pesado. Ainda assim, sinto que meu pai se sente bem em se desligar do assunto Trabalho, e portanto sabe que é importante preservarmos outros laços, hobbies, coisas enfim que nos façam bem na vida, para além de ganhar dinheiro e enriquecer um pequeno grupo de empresários (como é o caso da minha mãe).
Continua...
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Semana caótica e é apenas terça-feira
A semana começou um caos. Mais problemas no Brasil, minha ansiedade engatilhou-se. Descontei em comida, precisamente nos doces. Coisa que nem ligo muito, mas que nos momentos de ansiedade desconto todo o descontrole.
Não destruí minhas unhas.
O problema provavelmente vai se alongar e causar um caos no Brasil em vários sentidos, com potencial para um estrago financeiro. Mas, tenho tentado me tranquilizar repetindo a mim mesma que:
1: Se alguém agiu de má fé, será cobrado um dia, acredito nisso.
2: Dinheiro no fim é só dinheiro e não tem o poder de me enlouquecer. Sou de família de origem simples que nunca foi cega por dinheiro, então se minha família levar esse golpe, vamos seguir em frente e conquistar de novo de forma honesta, sem passar por cima de ninguém. Minhas avós, minha mãe, as pessoas que me criaram nunca foram gananciosas e se tem uma coisa que eu tenho certeza sobre mim é o quanto dinheiro não compra minha paz. Me chateia a injustiça, isso sim, e muito. Mas acredito em carma e que nada acontece por acaso. E as coisas que não estão no nosso controle não devem tirar nosso eixo.
Enfim, mais uma vez estou longe enquanto coisas assim acontecem. Hoje tenho certeza que eu realmente estou onde deveria estar, alguma força maior quis que eu estivesse longe por algum motivo. Seja pra me testar, pra me proteger, pra me ensinar. Não sei. Mas faz parte do meu processo e tem sido desafiador e, de uma forma ou de outra, tem sido um amadurecimento, tem sido elucidador. Uma viagem de auto conhecimento. Sinto que tenho vivenciado coisas que tem me transformado muito internamente.
Sigo tentando equilibrar alguns pratinhos, alguns já caíram muitas vezes, uns peguei de volta, voltaram a cair, outros ainda estão no chão, porque ainda não consegui recuperar, mas alguns seguem no ar por mais tempo.
Quanto mais o tempo passa mais eu entendo o Status do meu pai no whatsapp: vida difícil e boa.
Enfim, nem consegui sequer comentar da ideia que tive pro blog. Esse problemão que citei alugou um triplex na nossa cabeça de ontem pra hoje, mas vou tentar voltar o mais breve possível pra contar e colocar em prática a ideia que tive.
