Pra caber em mim. Já faz um tem poque tenho sentido dificuldade de captar com profundidade as coisas que me vem em mente. Sinto que antes as palavras passavam por mim e chegavam até meus escritos com mais facilidade e conseguiam efetivamente traduzir uma sensação que eu quisesse descrever. Atualmente, com mais maturidade adquirida, noto que a complexidade dos pensamentos e indagações realmente mudou, o que torna também mais trabalhoso compreender e trazer à forma de texto. Percebo que muitas reflexões se perdem nesse processo entre o despertar de uma consciência em mim e o registro/tradução sob forma de algo que eu possa ler mais tarde. Até porque eu sempre fui uma pessoa que aprende na repetição, na prática. Nunca fui aquela estudante que, de primeira, consegue aprender e não precisa de tentativas. Pelo contrário. E por isso, já faz um tempo que tenho notado essa dificuldade. Lembro da Bia, uma amiga da Universidade dizer que gostava de ler meus escritos, que o texto fluía de uma forma só minha e uma forma que ela gostava de ler. Eu amei tanto ouvir aquilo, foi um dos melhores elogios que já recebi na vida, tanto que mesmo sem ter mais contato com ela, nunca me esqueço. Ela lia apenas algumas legendas que eu escrevia no Facebook, coisa rápida, parágrafos curtos, porque os textos longos eu nunca tive coragem de compartilhar, sempre ficaram guardados. E eu noto o que ela disse lendo meus textos daquela época mesmo aqui no blog, noto essa facilidade, essa fluidez. Noto que realmente as palavras vinham através de mim como uma onda, como um sopro leve, sem esforço nenhum. Aquelas palavras que ao fim de cada texto me representavam de tal forma tão nítida, tão transparente. Era exatamente aquilo!
Hoje e ontem andei pensando nessa atual dificuldade e entendi que a complexidade dos eventos também mudou. Eu mudei, tudo mudou à minha volta e isso exige que eu me esforce mais. Talvez eu jamais tenha de novo aquela fluidez na escrita, mas preciso encontrar maneiras de me reatar com este meu lado. Assim como sinto falta de ler livros, histórias que são construídas devagar. Camada sobre camada. Impossível suprir essa necessidade com o conteúdo efêmero que temos hoje, no Instagram, no Twitter, no Youtube (isso porque não tenho TikTok...).
Esse texto é uma tentativa minha de retomar à Luma que tinha tanta facilidade com as palavras aos 16, 20, 22 anos... Uma tentativa de me aprofundar mais nos pensamentos. De criar o hábito da observação, reflexão e também da capacidade de dissertação, de falar sobre um assunto com profundidade e com tempo. De manter o foco, de não ter pressa.
Assisti a um filme bobinho nos últimos dias chamado "Como seria se...". Apesar de ser uma comédia romântica tonta, a ideia que norteia toda a história é bastante interessante e me fez pensar muito. Tenho exemplos na minha família que contrastam com o meu próprio exemplo de vida e isso trouxe mais palpável a ideia do filme. Sobre escolhas de caminhos. Sobre como seria se a minha vida tivesse tomado outro rumo, se minhas prioridades fossem outras, quem sabe as mesmas esperadas pelos meus pais para mim. E o final do filme é conciliador, vem para acalmar os corações porque eles certamente têm noção de como impactam principalmente a minha geração, dos Millenials. Espero conseguir falar sobre isso melhor em outro texto. Estruturar meu pensamento melhor, não só com base no filme, mas tendo ele como gatilho de questões que vivemos todos.
Tento me manter vigilante a todo momento para ser carinhosa comigo mesma, e acolhedora dos meus processos. Este ponto é sempre importante colocar à mesa. Ao longo dos últimos 10 anos entrei em um processo de auto cobrança e de auto depreciação que me levaram a crises identitárias sérias em alguns momentos. No curto tempo de terapia entendi que sem realmente perceber eu me cobrava de uma forma cruel. Era cobrada em casa, pelo meu pai principalmente, mas eu também acabava fazendo isso na justificativa de tentar me manter "realista". Eu repetia isso muito. Portanto, preciso ter este parágrafo aqui me lembrando de ser uma boa companhia comigo mesma e de ser uma boa amiga pra mim mesma à medida em que eu for tentando me expressar aqui.
É um começo! Espero permanecer, e seguir o fio.
Citando Maria Ribeiro, preciso também acrescentar que "superficial e profundo convivem sem hierarquia". Mas é claro que há que se ter alguma profundidade nessa vida! Mas também há se ter tonterias também... para equilibrar. Sejamos humanos!! Leves e também Densos!!
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