Perto de completar 40 dias em Paris, e... ela veio, a crise.
A primeira foi típica, fico me sentindo um lixo, percebo que o melhor é me isolar para não ser injusta e descontar em outra pessoa minha frustração. Eu não estava conseguindo trabalhar, não conseguia me concentrar e ficava com muito sono, e vontade de ficar deitada. Me sentindo deprimida, e uma solidão e baixa autoestima. Então fiz o que sempre é o melhor remédio: fui pra casa, me isolei até que pudesse voltar a conviver ou outra pessoa.
No Brasil, sempre tive para onde correr. Me acostumei a ter para onde correr, desde pequena. Ao menor sinal de que algo está fora dos eixos eu corria para a casa da minha avó Lica. Ficava lá, quase que negando todo o resto, por um tempo. A figura da minha avó sempre representou o meu refúgio. Era confortável. Pelos netos ela parava tudo o que estivesse fazendo. Não existe ninguém igual a ela. Nem vai existir. Desde então, sem ela, com a casa dos meus pais passando a ser naquele espaço onde antes ela vivia, pelo menos geograficamente o refúgio continua existindo. É o meu canto, onde estão meus cachorros. E onde o silêncio fala comigo, e não é ensurdecedor como eu sinto hoje em dia, estando aqui em Paris, num estúdio de 25 m² com alguém que não faz questão e nem tem obrigação nenhuma em ser a figura do meu refúgio. Pelo contrário, tem me despertado ansiedade.
Passaram-se 1 fração de 12 no total do tempo que aqui estou prevista para ficar. E, pra ser sincera, não me parece muito. Não me parece que estou aqui há muuuitoo tempo, me parece o tempo que é. Até acho que passou rápido.
A segunda crise foi um problema com meu namorado. Como estou numa fase delicada, tudo fica mais difícil, mas neste caso não posso cair na "pegadinha" de me culpar. Tenho repensado esse namoro, pra ser honesta. Infelizmente não me sinto acolhida. Pelo contrário, sinto que quando algo acontece e eu naturalmente me calo (sou uma pessoa que fala muito, mas só consigo ser eu quando estou bem), percebo que, o que é praticamente uma punição pra mim, é quase como um alívio pra ele. Me sinto só grande parte do tempo, mas quando estou calada, o sofrimento é muito maior... É o meu pior momento. Sinto que criamos uma dependência um do outro que nada mais é do que conveniência, muitas vezes. Hoje estou chateada, e como eu disse, o silêncio que me imponho nessas situações é ensurdecedor, torturante. Suga minha energia.
Espero que eu melhore ou que encontre uma saída nas próximas semanas que me dê paz.
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