quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Relato 01 - uma brasileira em Paris por 3 meses

Enfim, escrevo isso da França. Sul de Paris. Vitry-sur-Seine. Pequena cidade a uma parada de trem, RER C de Paris. Casa boa, clara, aconchegante, moderna, facilidades tecnológicas. Novo. Tudo novo pra mim. Descobertas todos os dias. Criando novas rotinas. Tentando estudar francês.

Pra mim sempre foi um sonho fazer intercâmbio, tentei muito convencer meus pais durante a adolescência, mas sempre foi muito caro pra gente. Dessa vez, vim pra ficar 3 meses. A ideia era chegar e buscar cursos mais baratos, atividades culturais, associações, qualquer coisa que pudesse me ajudar a aproveitar estes três meses pra aprender ao máximo. E levar comigo uma experiência rica culturalmente. Está sendo. 

Vim com o PH, que conseguiu uma bolsa pra ficar 6 meses acompanhando um grupo de pesquisa da Sorbonne Nouvelle para seu mestrado. Foi a oportunidade perfeita para mim. Serei grata a ele pra sempre, tenho noção de que seria muito difícil neste momento passar 90 dias na Europa de outra forma. No máximo passaria uns 10 dias, com o apoio dos meus pais, maravilhosos.

Às vezes me pego ingrata pela oportunidade. Sei disso. Mas a cobrança é sempre maior em cima de mim. Digo, eu mesma me cobrando. Me sinto acomodada, pouco determinada, um pouco estagnada. 

É normal? Acabei de terminar a graduação, queria o fim do ano para pensar, queria me dar este luxo. Mas, de que adiante decidir que tenho esse direito (que de fato eu tenho), mas ficar me culpando dia após dia? Preciso aprender a ser leve comigo mesma. Respeitar meus passos, mesmo que em alguns momentos sejam passos lentos... Não estou certa do que quero da minha vida. Sei que isso não é uma informação excelente de se dar, mas sei também que não sou a única no universo com essa pulga atrás da orelha. E se assim me sinto, vamos lidar com isso, e partir deste ponto. Isso é respeitar a si mesma, e a individualidade. Minha criação, meus pensamentos, minha trajetória me fizeram ser assim, mas nada disso é determinante se eu não ficar atenta ao meu interior e o que se passa comigo ali, no silêncio.

Luma, seja carinhosa, compreensiva com os outros, sim. Mas principalmente com VOCÊ mesma!! 
Não se martirize por ter as dúvidas que você tem. O seu caminho quem passou foi você, bem ou mal, as outras pessoas tem um olhar (importante também, claro) de fora, mas quem está aí dentro é você!

Correr atrás da sua paz e do seu lugar nesse mundo também é descobrir sua inclinação nessa fase da vida. 

Tenho 25 anos, sou técnica em mineração, arquiteta e urbanista, ariana, inteligente, corajosa, sonhadora. Não é tão ruim assim, né? 

Bola pra frente, e.... segue o baile!

PS. encantada com a Europa. A França... PARIS! Sempre encantada com as diferentes realidades. Obrigada, Universo, pela oportunidade. Sou muito grata! De coração!

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Para Igor, Tânia, irmã, irmão, família. Embora eu não os conheça, luz e paz nessa passagem

cumprindo o que prometi - importante por motivos de: compromisso comigo mesma! -
1- my favorite song: in my place e yellow - coldplay

2- my least favorite song: musica agressiva de teor sexual... (ñ só funk até porque tem muito funk sonzera bacana por aí!)

3- a song that makes me happy: a que posso dizer que me causa alguma coisa muito, muito boa mesmo, neste momento, é o pout-pourri do Seal com Dana Summers: Unbreak my heart/Crazy.

4- a song that makes you sad: hey joe - rappa

5- a song that reminds you someone: chiquitita - abba  (Vó Lica)


Ê, 2017!

hoje é segunda-feira. 3 dias atrás o comandante da polícia militar de ouro preto, em uma abordagem agressiva (como sempre) a um carro no morro da forca atirou na cabeça de um menino de 20 anos que não conseguiu destravar o carro e sair imediatamente na hora que foi mandado fazer (sempre com truculência, arrogância, agressividade). Igor morreu e esses dias tem sido muito tristes nessa cidade. "pra quem entende, pingo é letra" como disse Francielle de Souza, no Facebook. Jovem, negro, periférico. é assim que é tratado. estão matando a juventude negra e pobre que já é esquecida e desprezada. o país anda uma lambança e eu não tenho vontade sequer de comentar sobre tanto desgosto. mas esse crime, esse assassinato acabou comigo. acabou mais ainda com uma família que tem por Igor amor. Ele, jardineiro, jovem, cheio de amigos. A sociedade, um desastre manchado de sangue. dói pra mim, do alto do meu privilégio. não consigo imaginar a dor da família, dos amigos. que a espiritualidade aja levando o mínimo de luz, força e amor aos corações. Também ao coração jovem de Igor, que ele seja guiado em direção a pessoas que possam levar um pouco de compreensão, calma, paz, serenidade. um mínimo que o acalente.

ia aqui dizer coisas recentes que aconteceram em minha vida. atualizações importantes dada a última postagem que fiz e que, desde então, coisas mudaram, outras nem tanto.

mas eu não consigo fazê-lo hoje. meu coração está triste em viver em um mundo assim. falta tanto amor. mas, tanto... que parece que esse lugar é quase inabitável. essa é a sensação.
eu sei que tenho mil defeitos, que mereço estar aqui exatamente onde estou. minha vida não é dura. mas, fico destruída por ver TANTA injustiça por um grupo de pessoas. POBRES. PERIFÉRICAS. NEGRAS. fico pensando como é diferente o mundo em que vivo do mundo em que essas pessoas estão habituadas. todos os dias, a grosseria.... a violência.

Desculpe, mas não posso ver isso e achar que é a ordem natural das coisas. que é um processo. e ver tanta diferença de tratamento.

é gritante...

desesperador.

que tristeza o que aconteceu!

Igor, vc provavelmente é um menino muito bom, muito querido, muito importante! Sua vida importa! O que fizeram afetou a sua cidade, a nossa Ouro Preto, de uma forma indescritível. Não quero que tenha ódio, porque sinto que você é um menino iluminado. Posso ver pelas reações de tantos amigos e pessoas que partilharam da energia do que aconteceu. Por favor, tenha paz e luz nessa passagem tão instantânea e imprevista por todos. O Universo há de ter planos para você e para sua família.

Mãe de Igor, que seu coração seja envolvido por luz, força e paz, ainda que seja tão difícil esse momento. Igor está bem, eu tenho certeza de que está acolhido e assistido do outro lado por seres de luz que o ajudarão a  compreender esse momento de passagem. Você é uma guerreira, sei que nada faz sentido agora (embora não imagine o tamanho de sua dor já que nem mãe sou), mas um dia a dor vai se transformar em saudade e vocês vão se encontrar em sensações, sentimentos, pensamentos. Igor, eu sei, é um menino maravilhoso. É seu filho, pra sempre.


Ouro Preto, o que fizeste de teus pretos?




terça-feira, 6 de junho de 2017

devaneios sobre o tempo, as memórias, a vida

o sistema acaba com esse blog. eu já entendi.
a graduação, sua rotina, matou meus textos, meus momentinhos de filosofar in my way. 
inclusive essa "ordem natural das coisas" [nada natural, actually] me fez perder o gosto por tanta coisa que fazia meu coração alegre, leve antes... 
a poesia tem se perdido há um tempo, essa é a verdade.
não! não estou falando de amor, nem nada que envolva outra pessoa. Sou eu comigo mesma, mesmo!
A idade? não me sinto velha assim não.. mas sinto que minha memória está se esvaindo, e eu estou perdendo lembranças recentes, distantes. Perdendo... 
ao achar que assim tudo fica mais prático, ao jogar fora páginas de um diário antigo, jogar fora fotografias, lem-bran-ças, uma Luma sonhadora vai também.

poderia tudo isso ser, na realidade, um plano para florescer uma nova Luma, com poesias mais amadurecidas, interessada por ler e escrever sobre outras coisas. Assim espero! eu realmente gostaria que fosse. daqui a algum tempo volto a contar aqui.

no momento é essa a minha sensação. eu não me lembro mais de muita coisa dessa vida. por que duvidaria que existem, sim, outras vidas, e que nos esquecemos mesmo, apagamos, tudo o que em um ooooutro momento do tempo vivemos?! não tem fantástico nenhum nisso, é muito possível! será que só eu enxergo a lógica dessas coisas?? 

ah, sim! o contexto:

apresentei meu TFG1, foi muito bom, elogios, boas impressões. para o 2 algumas incertezas..
estou fazendo um estágio na prefeitura com um menino que não ia muito com a cara. cara de hétero, rico, meio medido a popular: tenho sempre um pé atrás. mas até o momento preciso admitir que não temos tido problemas. é uma pessoa tranquila de se trabalhar. 
nunca fui alguém que não reconsidera suas opiniões. isso nunca fui mesmo!! 

se tudo der certo me formo em setembro, com as horas, estágio, tfg (se deus quiser), eletivas, tudo cumprido! (nem acredito que esse dia está próximo)

meu pai está desempregado há alguns meses, acho que uns 4. o país está indo de mau a pior. 
força, esperança é só o que podemos ter. sensação de que a luta não basta... 

voltando ao assunto da memória, percebo que me esqueço das músicas que tanto amei, chorei... músicas que me fizeram e fazem companhia nos momentos mais felizes, mais tristes, angustiantes, de dúvida.... 
então vi essa imagem na internet e fiquei com vontade de fazer esse exercício. e aqui é o melhor lugar, porque vai funcionar como registro. 
confesso que vou precisar pensar, sim! porque amo música! e não quero colocar qualquer coisa que me vier à cabeça nas respostas. quero que seja real, que seja uma captura de uma sensação em algum lugar do tempo que eu possa ter apagado ou estar em curso de.


vou tentar fazer 5 por dia. começando no próximo que passar por aqui.

ps.: meu pai tocando violão na sala, despretensioso, me traz um afago, uma calma, uma paz. uma sensação de home sweet home. tão espontâneo como a música está com ele, conosco. se não tem alguma mágica linda em tudo isso?? claro que tem! se não, onde mais teria mágica que na beleza das coisas que a gente nem consegue explicar, mas sente com tanta intensidade, ou suavidade. 

boa noite, 2017. vou esperar meu sanduíche chegar. 
muita paz, melodia, sensações de borboletas no estômago, choro incontido (pq chorar é tão bom e me faz lembrar que ainda sou humana, que pulso! eu pulso)

eu sou amor da cabeça aos pés.

ps2.: chegou meu sanduíche! : )

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

2017, o que vc guarda?

último ano de estudante! o que reserva esse ano que tá começando?

meu pai de Aviso. Kitnet ficando pronta. TFG1, Restauro, Técnicas Retrospectivas, Iluminação, PURII, Patologias. Meu irmão não quer mais estudar, mas também não queria trabalhar. Escondeu isso de novo dos meus pais, se não fosse um dia X não teríamos descoberto, creio que estaria enrolando até hoje, até semestre que vem, 1 ano, 2, 3, 4, 5 anos de curso imaginário. Triste.
meu pai dispensado do serviço, porque a empresa não conseguiu ter o contrato renovado pela outra empresa, Samarco. Esse último trabalho do meu pai foi derivado da Tragédia da barragem de Fundão, Mariana. A tragédia acabou colocando dinheiro na minha casa por 1 ano, mais ou menos. Mas, agora acabou, não tem mais o emprego. Fiquei abatida. Estou abatida com tudo isso. Por favor, 2017...