sábado, 25 de julho de 2020

sobre 2020, uma parte do ruído

uma coisa posso dizer sobre mim, à esta altura da vida - ano de 2020, 28 anos completos de vida - e é sobre leveza. Nas relações que tenho com as pessoas, busco ser uma pessoa leve. Busco ter calma, e mesmo em momentos mais surtada, busco não deixar a situação permanecer pesada. Se perco o controle sobre isso por um momento, me preocupo muito em restabelecer o quanto antes possível - claro, respeitando meus sentimentos. Então busco me acalmar, refletir, me distanciar e não ficar sem falar por muito tempo com ninguém, nem insistir na reatividade após uma explosão. Sei que estou LONGE de alcançar o equilíbrio, a perfeição pq conheço bem minha natureza. Mas, hoje me considero uma pessoa leve. E tenho muito orgulho disso, pq por muito tempo não conseguia me notar desta maneira. Já fui uma pessoa com energia pesada, até tóxica, em um tempo que fui passada pra trás e me senti muito mal. Mas, hoje me sinto capaz inclusive de detectar comportamentos tóxicos em relações que não participo. E nesse sentido, por ser alguém realmente próximo a mim, tento disfarçar, tento não me meter tanto, tento me distanciar. Mas, este tem sido o padrão deste ano de 2020.

Ficando mais tempo na casa dos meus pais, com eles, tem sido insuportável notar tantas características de um relacionamento tóxico, e não poder fazer muita coisa, não poder ter o controle e tirar uma pessoa deste lugar de sofrimento. Hoje enxergo nitidamente o que antes eram só suspeitas. Me sinto mal por esconder tudo que percebo, que já vi, por pensar que todos somos pessoas que merecem ser felizes. Não deveríamos ninguém passar por uma vida triste, estressante, insegura, simplesmente por estar ao lado de alguém que sequer nos respeita mais. Fico triste também por, aos 28 anos entender que não quero viver isto nunca e ver alguém que eu amo viver exatamente isso sem conseguir sair ou se impor ou, ou, ou... ter qualquer atitude que restabeleça sua felicidade, seu brilho nos olhos, suas noites bem dormidas e seu prazer de viver.

Eu sei que tenho em mim um brilho, uma alegria de viver que com certeza herdei de meus ascendentes, sei que consigo enxergar beleza em coisas muito simples e não tenho tendência à tristeza e depressão, mas sei também que apesar disso, todos precisamos estar em um ambiente saudável, leve, alegre, recíproco, respeitoso... não merecemos estarmos rodeados de desprezo, egoísmo, obrigações vazias, indiferença, manipulação, inversão de culpas, jogos. E tudo isso é o que vejo acontecer ao meu redor. Não comigo, porque eu não permito mais isso no meu atual relacionamento. E faço tudo o que posso pra ser honesta, transparente e respeitosa. Mesmo com minhas falhas, minha reatividade. Tenho consciência de todos os meus atos e vejo e revejo cada um deles, sempre que tenho a oportunidade.

Sei que, após refletir sobre o meu papel na atual situação, eu devo ser um porto seguro, um amparo, ouvido, e sei que meu posto de escuta é importante. Procuro ao máximo mostrar que ela não está sozinha, que todos merecemos sermos felizes, viemos ao mundo para isso, e precisamos ter coragem pra sair de uma situação que nos cala e não nos agrada mais... pra florescer em outros jardins. Viver outras etapas, experimentar outros caminhos. Ser livres, respirar aliviados enfim. Embora eu gostaria de dizer com essas palavras, o que posso ser é amparo, é calma mesmo sabendo da confusão mental de tudo isso. Hoje me sinto madura para não absorver tudo isso, mesmo sendo algo muito próximo a mim. Mas muitas vezes, como agora, me pego triste por não poder eu mesma resolver e mudar tudo. E fazer com minhas próprias mãos as coisas se resolverem e todos voltarem a ser felizes. Hoje sigo aqui, ao lado, atenta, com o coração bastante apertado, mesmo disfarçando muito bem.


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