quarta-feira, 11 de julho de 2018

Mudanças - um relato importante.

"Uma vez que somos jogados para fora de nossos rumos habituais, pensamos que tudo está perdido ; mas só aí que o novo e o bom começam" Leon Tolstói

Hoje é dia 11 de julho de 2018. Me mudei para São Paulo dia 09, saí de ônibus de Ouro Preto, da casa dos meus pais dia 08, aniversário de 307 anos daquela cidade que sempre foi o meu lar.
Vim para experimentar, buscar uma Luma que ainda não conheço. Vim em busca de me conhecer mais a fundo. Sei que não será fácil, embora eu tenha o privilégio de contar com o apoio emocional e financeiro da minha família nesse começo - que, diga-se de passagem, não se sabe quanto vai durar. Mas quando digo que não será fácil falo especificamente no sentido de me desprender das questões da minha família, que eu não escolhi e que fazem parte do dia-a-dia deles, mas que com o passar do tempo acabei transformando essas questões em minhas próprias - o que não é saudável. Eu vim em busca das minhas próprias questões! Preciso encontrá-las, criá-las! Penso que se desvincular psicologicamente dos pais é muito mais do que ser uma pessoa independente no dia-a-dia como eu sempre me achei, mesmo jovem, quando ia passar muitos dias em casas de parentes, amigos, namoradinhos. É muito mais do que saber se virar fisicamente no dia-a-dia sendo cozinhando, lavando roupas, mantendo organizado seu espaço, seja ele um colchão, um quarto ou uma casa! O que busco nessa mudança é principalmente emancipação psicológica que tenho consciência que ainda não tenho. E que é normal, sim. Mas uma vez tomada essa consciência tornou-se para mim uma necessidade buscá-la. Talvez meu irmão Roger tenha tomado essa consciência antes de mim, seja lá por quais motivos, visto que todos somos diferentes. E por admirar essa postura corajosa dele, percebi o quão importante é começar a traçar nossos próprios caminhos, ainda que de início atrelada a ajuda financeira dos meus pais porque, como disse, sou privilegiada e jamais negarei isso, ou fingirei que sem isso tudo ocorreria da mesma maneira, no mesmo tempo. Enfim, aos 26 anos de idade saí de casa! Para outro estado, que já tenho certa afinidade, por causa do meu estilo de vida de sempre ter gostado de viajar. 
Às datas: em 28 de agosto de 2017 me formei arquiteta e urbanista pela Universidade Federal de Ouro Preto. Em 31 de outubro de 2017 embarquei para a França (Paris), onde morei com meu namorado até dia 25 de janeiro de 2018. Viajei para 5 países diferentes nesse tempo. Pratiquei inglês e francês. Meus planos para o retorno dessa viagem eram: tirar licença para dirigir carro e me organizar para mudar para São Paulo, mesmo sem nenhuma proposta de trabalho, estudo, nada. Tudo eu iria buscar uma vez estando lá (agora, aqui). No dia 08 de junho consegui finalmente ser aprovada na prova prática de direção. Foi um momento em que eu não cabia em mim mesma de tanta felicidade. Acho que duvidei muitíssimo dessa minha capacidade. Foi um peso enorme tirado de cima de mim. Meu namorado foi junto comigo no dia da prova, o que eu acredito ter sido essencial pro meu sucesso, pois pude me distrair, ficar calma, extravasar também. E assim, exatamente 1 mês depois estava pegando ônibus para me mudar para São Paulo.
Nesse meio tempo (desde o TCC, com pausa durante a viagem ao exterior) desenvolvi alergias de pele terríveis que certamente são agravadas pela fase de decisões sem nenhuma certeza do futuro, mas baseado em uma vontade grande de ver mudança em minha vida. De começar a dar minha cara à minha vida, de fato. Na minha visão íntima, isso ainda não aconteceu. E apesar de já estar escrevendo isso de uma mesa no Butantã/SP sei que ainda falta muito. Mas preciso acreditar em um propósito. Mesmo não tendo certeza da área profissional que escolhi, preciso caminhar. Preciso não me paralisar. Só isso! E é também para isso que estou escrevendo agora. Sinto que sempre que escrevo aqui, nesse blog secreto, na próxima escrita as coisas mudam e posso sentir um deslocamento, mesmo que pequeno. O que, no dia-a-dia, sem a escrita, é muito difícil de perceber. Talvez existam para isso diversas razões: por eu me subestimar? por eu não acreditar no meu potencial? Por eu ter vergonha de vir a dar muito errado? Por eu achar que estou forçando a barra e só dando prejuízo? Por eu sempre me comparar a pessoas da minha família?  Enfim, sou uma pessoa de 26 anos insegura. E passo os dias tentando driblar isso. 
No momento estou terminando um Levantamento Arquitetônico para um colega do meu pai, que foi solicitado há quase 1 mês, mas que acabei atrasando (ele também não cumpriu sua parte de realizar o pagamento das parcelas). Eu não queria estar fazendo isso de jeito nenhum! Só estou fazendo porque foi um pedido do meu pai, mais uma vez. Ele me quer trabalhando. Eu quero também, mas sinto que é insuportável fazer essas coisas totalmente atreladas à vontade dele. MESMO ainda dependendo financeiramente dele e da minha mãe. EU SEI que soa ridículo. Soa infantil, mas infelizmente é a minha realidade e isso me traz muita angústia. Mas, eu vou finalizar este e pronto. Fecharei esse ciclo que me causa tanto desconforto. Inclusive acredito que isso tem grande influência nas minhas alergias de pele tão desagradáveis - Sei que não é culpa do meu pai, mas aqui digo o que são as minhas reações diante de tudo - . Talvez seja a forma que eu encontrei de me punir? Ou a forma que encontrei de fazer com que sintam pena de mim? Não sei o que meu inconsciente quer gritar, mas sei que todas essas manifestações dizem muito! Então, o que posso dizer é que estou me movendo! Estou tentando uma mudança! E torço para que essa fase que se inicie seja mais leve, mais amorosa, tranquila, pelo menos psicologicamente. Não digo fisicamente, pois sei que quando e se conseguir um trabalho aqui, não será fácil a rotina, mas tenho quase certeza que isso será muito importante pra mim enquanto pessoa, porque vou poder mostrar pra mim mesma que, sim, eu tenho capacidade. Sim, sou uma pessoa forte. Não sou uma burguesinha que vive debaixo das asas dos pais que tem condições de me manterem. Eu preciso mais do que tudo mostrar pra mim mesma que eu sou capaz. É só isso.
Os conflitos, em sua maior parte, dentro de mim giram em torno disso. Todo o restante acredito que seja uma consequência de como eu me enxergo. 
Sei que as coisas estão muito bagunçadas agora, mas eu vou consertá-las com o meu próprio esforço, como eu sempre fiz!!


"A mudança é uma porta que só pode ser aberta por dentro" Terry Neil

"Inteligência é a capacidade de se adaptar às mudanças" Stephen Hawking



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