quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Vida foi feita pra estar em dia

(minha vontade  é chamar isso de ''conclusão de 2012''. Sei que não posso resumir desta maneira. Meu 2012 requer muitas palavras mais organizadas que estas que me vieram agora. Chamemos, então, de:)


Balanço 2012 - Parte II

É melhor pra mim viver minha própria época. aceitar os dias de hoje e como é esta realidade que tenho diante de mim.

o que me deprime, penso, é querer estacionar em um tempo que não é o meu. me colocar ao redor (muitas vezes, virtualmente) de pessoas que não fazem parte do que pertenço realmente. 

- 2012 foi intenso. Sim, foi. A ponto de me perder e me encontrar várias vezes. 
- Por querer me auto-afirmar, mostrei por demais... por puro exibicionismo.





ps. tive uma sensação engraçada agora. tenho gosto pela melancolia. tamanho lirismo há em minhas veias.. sinto-me à vontade no vagar dos pensamentos, dos questionamentos, das reflexões acerca da solidão romântica que me acompanha (ou que eu mesma acompanho com gosto)
risos.. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um relato.

-Vem jantar comigo amanha aqui em casa as 8 ok?

-Ok. (mentalmente).


Qual filme escolher? Woody Allen sempre cai bem. Mas nesse caso não sei. Seria o momento de arriscar um Almodóvar? Acho que não, talvez... Cinema francês.. huum.. me lembra Jules et Jim.. E esse? Me gusta. Acho que seria muito dramático... um romântico, talvez? Ah, não. Piegas. Woody Allen, é você. Talvez este... Diz ser leve. Ah, vai você. Sonhos eróticos de uma noite de verão. 




Antes, o jantar.


Pontual, achei que não haveria mais jantar. Mas, ele é metódico, desde o horário. Confesso que fico surpresa com pessoas que cumprem o que dizem... Estranho, mas verdadeiro. Vamos à cozinha. Ele abre um vinho. Confesso que fiquei com medo de não conseguir tomar vinho, por causa do meu ''histórico'' com a bebida, que não é nada leve, bonito, romântico. Ok, eu estava ali e queria viver por completo aquele momento. Taças. Achei poética a cena das taças, a salada à mesa, a garrafa, ele cozinhando e eu assistindo. Ele começa a picar os tomates. Colocar pães no forno... me mostra alguns ingredientes trazidos por ele de outros países. Mais alguns goles do vinho. Conversamos muito. Conto histórias de Portugal em 2010. Engraçado que não contei detalhes dessa viagem a muitas pessoas. Só o fato constrangedor com o garçom em Lamego costumo contar a todos os cantos. Pergunto sobre ele. Diz pouco. Ironiza bastante. Minha curiosidade só aumenta. Com seus 25 anos, não sei pra que lado remar quando o assunto é sua própria história, motivos. Eu falo muito. O vinho começou a subir, tudo parece tão divertido. A torneira pinga, precisa de conserto. A água cai sem parar. Agora ele pergunta se eu gostaria que lavasse as alfaces. Acho graça. Ele diz que nunca faz isso. Eu peço que lave. Ele faz. Agora o queijo parmesão argentino, ele rala sobre a salada, com cenouras, tomates. Azeite balsâmico e azeite comum, acidez 0,5% (ele não sabe, mas é meu preferido). Ele conta que esteve em outros países, conta algumas coisas, mas a maioria não. Eu sei. Ironiza mais ainda e monta minha bruschetta. Ele sabe que  gosto muito de tomate e capricha. Experimento, e está ótimo. Ele me assiste, sem comer. Agora finaliza a salada, deixa de lado, e parte para o prato principal. O frango, descongela e ele os pica em iscas. Tem destreza com as mãos. É poético vê-lo cozinhar. É bonito mesmo... conto que nunca vi Curry, muito menos comi. Ele me faz cheirar aquele pó amarelo.  Esse veio da Turquia, mas o original é indiano, conta. Vinho, meu copo sempre esvazia antes do seu. Então, ele me pergunta como fui parar no Movimento Estudantil durante a greve. Explico... omito algumas partes que não são necessárias. A vida nunca é contada por completo. Omissões naturais e não-naturais são necessárias. Citamos alguns nomes e comentamos. Ele continua misterioso sempre que pergunto o que já fez em se tratando de ME. A única coisa que me diz é q participou de dois mandatos de DCE. Não fico surpresa, tirando o fato de estar tendo contato com essas pessoas nos últimos tempos. De início sei que provoquei essa aproximação, mesmo que indiretamente. A conversa continua, o vinho também. Ele pica a cebola e chora. Há como ser mais poético? Azeite. Muito azeite. O cheiro é convidativo. Nosso jantar vai ficando pronto. Ele estende a toalha na mesa, eu trago o vinho. Ele procura o creme de leite eu respondo que está em cima do banquinho. O prato chega. Ele serve a salada. Mais tomates, por favor. E queiijo! Comemos. A melhor salada que já comi.. temperada, mas sem qualquer excesso. Pra mim, essa já é a refeição completa. E agora o frango ao moho curry. Amarelo, bonito de ver e cheiroso. Que delícia! Tento encontrar palavras, estou realmente muito agradecida pelo momento. Que moço gentil, penso. Será que mereço isso? Penso... Por que está acontecendo? Paro de pensar... conversamos mais. Terminamos de comer e vamos ao filme. Juntos. O filme não tem grandes emoções... não, não tem. Acabou. E aí... o arremate.



Vou embora. Na verdade não sei o que está ou não acontecendo. Acho que ele continua a ser um X pra mim. O garoto gentil, sorridente, irônico, solitário, misterioso. Gosto quando me compara à beleza grega. Quando analisa as formas do meu corpo e brinca com meus seios. Quando desligamos a luz pra ver melhor através de sua janela a bela Ouro Preto. Quando ele é sincero e às vezes áspero... quando me chamou de egoísta, egocêntrica, psycho killer. Quando me chama de cariño. Gosto. Mas, não sei se isso é suficiente. Não sei.

                       

Não sei se estou disposta a encarar tudo novamente. Até que ponto estou disposta a doar meu coração a isso. E ele... sinto vontade de cuidar. Mas, é só minha impressão. Essa coisa de impressão costuma ser furada. Enfim, só sei que não quero pensar muito nisso,aproveitando que não sei em que pensar. Confesso que talvez ainda esteja me procurando em algum desses cantos e, no presente momento, procuro ali perto de onde ele se encontra. E, nesse caminho, acabei encontrando-o antes de mim mesma, ou quem sabe, junto de mim mesma. Vai saber.


Enquanto isso vou continuar minha leitura sobre a psicanálise da ironia. Inspiração?? ''Mistérioooo''





quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“É gente humilde, que vontade de chorar''

Ontem, num desses dias difíceis de sensação de estar perturbada, depois de palavras amigas e cansaço mental, consegui dormir bem. Hoje, a história é outra. O dia foi bom, sem muito romantismo.Prático. Até cair a noite. O fato é que agora me veio uma sensação clara, quase como uma voz, dizendo: 

           - Luma, você é SIMPLES! Não romantize tanto tudo em sua vida! Não deseje firulas que não pertencem ao seu mundo. Mundo, este, num sentido muito objetivo: você se sente bem na simplicidade! Não há aparência. Estilo de vida. Profissão. Viagem. Mania alternativa.... Whatever! que te deixe mais feliz e à vontade que um cafezinho com biscoito de canela na casa da sua amiga e sua família... ou ter seu irmãozinho querendo sua companhia e carinho.... Essa é a felicidade, e você sabe disso. Sabe o que a deixa infeliz?? Querer o que outras pessoas querem. Querer um estilo de vida que não se encaixa às suas necessidades, nem as suas afinidades. Isso tudo é aparência. Simplicidade é a tal felicidade que você busca. 

Por outro lado, algo em mim ainda quer ir pros lados de lá mesmo assim (teimosia?), que não são nem de longe simples. Eu sei. Seja por vaidade, curiosidade... a pulga ainda está atrás da minha orelha e, sabe, mesmo que seja pra sentir vontade de voltar, preciso ir. Um dia...


Esses dias têm sido dias cegos. A sensação é de sentir muitos pensamentos ao meu redor, mas, sem enxergá-los realmente não consigo encará-los. O texto do Carpinejar diz algo sobre medo de esquecer quem sou, ou esquecer o que já aprendi... e assim, como lidar com situações? Talvez ainda não aprendi de fato..
Preciso da clareza pra organizar os pensamentos e entender o que se passa aqui. 


Preciso de sossego. Simplicidade. 


sinto até vergonha ao ver essas fotos. eu, com minhas lamentações medíocres, não sei ver essa beleza. não vivo essa paz de espírito. não tenho essa doçura no olhar... lamento de uma menina mimada. isso sim... 


aula de alma... felicidade tá é aí, ó...
que eu seja paciente e carinhosa comigo mesma. que eu respeite minhas limitações. que assim eu possa aprender a levar um pouco da doçura desses olhares pra minhas aflições, meu dia-a-dia. FORÇAAA! 

-
Gente Humilde (Chico Buarque)

Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Feito um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar

São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar




reflexão.