Há quem diga que não se deve mudar por alguém; que alguém de
quem se gosta não se muda, se completa. No entanto, quando se gosta de alguém,
isto é, quando duas pessoas entram em uma sintonia; ou quando uma pessoa capta
essa vibração mais que a outra e, assim, em termos de pensamento, inicia-se uma
aproximação, nestes momentos transformações já estão ocorrendo. Sim, as mudanças!
Não que se possa controlá-las, pois acontecem simplesmente porque precisamos
aprender muito e sempre, e partindo deste pressuposto todos os momentos
tornam-se oportunidades únicas. Eu tenho 20 anos, e passei por dois episódios
de grande relevância neste quesito; sendo que ainda estou em uma parte do
percurso do segundo.
O primeiro me ensinou muito, mas neste caso específico
aprendi pela dor. Passei por momentos de desespero e descontrole em todos os
sentidos que se pode imaginar. Foi duro, me sentia uma senhora de 40 anos que
tentava superar um casamento de 20 anos. Eu insistia em manter um vínculo nada
saudável que, em minha cabeça era a ‘’única possibilidade’’ que havia e não
havia de jeito nenhum de ser diferente! Isso me fazia mal, e me doía à alma.
Muito pensei até sentir necessidade de ter vontade de sair daquele estágio. E
aos poucos, bem lenta, fui olhando para os lados e o processo continuava.
Gradativamente fui notando que o mundo é grande demais e a vida importante
demais pra se desperdiçar tempo com dor.
Tudo foi muito válido e agradeço imensamente a oportunidade de enxergar
tanta coisa, tão ‘’jovem’’. Renasci. Essa foi a sensação quando me libertei e
assinei minha carta de alforria da dor.
O segundo começou sem muita explicação, simplesmente porque
algo de muito familiar me chamou a atenção ali; aquele olhar do litoral
arrebatador e calmo ao mesmo tempo, aquele irradiar de sorrisos despretensiosos
e a imaginada melodia diferente na voz. A música que ele emana sem perceber e o
carinho que transmite me fizeram sentir de longe a necessidade de ver melhor, ver
de perto; mesmo que uma, duas, três ou quatro vezes. E foi que então me senti
viva, mulher, humana. O encaixe era bom pra mim, me senti segura e envolta de
mágica. No entanto a mágica não se completou. Eu acabei apaixonada pela minha
idéia do que ele era. Não o conheci, não o conheço, não o conhecerei. Dessa vez
não houve dor. Há ainda certa dúvida, confesso. Mas, a poesia dos momentos raros
enche meu coração de gratidão e eu só consigo guardar boas recordações do meu
rouxinol...
Em ambos os casos, não terminei sendo a mesma que começou.
Graças a Deus que não. O fato é que a gente aprende sim, basta ser atento e
optar conscientemente por abraçar estas oportunidades quando elas nos são
apresentadas. Não se preocupe se, ao se olhar no espelho certas vezes, não se
reconhecer. A vida tem justamente essa função transformadora. E nós somos tudo
isso mesmo. Ouvi hoje que tudo tem em si, dois lados. O lado mau e o lado bom,
sendo que o que é maldade é simplesmente ausência de bondade. Em outras
palavras o mal é a ignorância do bem. A partir do momento em que é tomada a
consciência, transformações tornam-se sempre bem vindas e o lado bom vai se alastrando
sobre o lado mau. Mas, lembre-se, tenha paciência, seja carinhoso com você e
seu processo que é naturalmente lento. Aceite as mudanças e encare cada dia, cada
hora, cada respirar como uma nova oportunidade. Lembre-se também que tudo
passa... O autoconhecimento é o caminho menos doloroso para se chegar.
A trilha sonora é Mozart. Neste momento: Greensleeves
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