sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

I'm a mess!

Novembro foi muito difícil. Não exatamente o mês inteiro, mas pelo menos a primeira metade foi complicada.

Desde que cheguei aqui, dessa vez muito consciente da minha condição emocional, procurei me atentar a alguns cuidados pra que não caísse em armadilhas que eu mesma criasse, de pensamentos, hábitos etc, que eu sei claramente o potencial que têm de me fazer mal. Ainda assim, em novembro não consegui escapar.

Tinha acabado de entregar um trabalho com bastante luta, mas que me salvou durante o processo. Estava ainda no começo do curso de francês em Paris, o que me trouxe contato com pessoas completamente de diferentes países. 

O frio começava a dar as caras, frio esse que é sofrido nas lembranças que tenho de 2017, quando entendi que frio intenso NÃO é bom, e que romantizar isso é pior ainda. Portanto, o fato de ter aquecimento em casa me fazia querer sair menos, programar menos viagens etc. Na prática, esse recolhimento precisa ser bem dosado pensando novamente em salubridade mental.

Meu primeiro cachorro, meu grande amor canino, Willow tinha acabado de partir e eu não pude estar lá colaborando com o bem estar dele, lutando ao lado dele, me despedindo, dando os abraços que eu sempre dei nele. Isso quebrou meu coração em pedaços. Nunca acreditei que as coisas acontecem por acaso. Pra mim sempre foi claro que tudo é como tem que ser, mas sofri e sofro ainda com a partida precoce do meu cristalzinho, a estrelinha da minha vida: Willow. 

Meu avô também teve uma piora muito grande de saúde desde que eu saí do Brasil, a ponto de eu não mais conseguir reconhecê-lo, ao que fui sendo informada pela minha mãe. E, nisso, as exigências sobre a minha mãe foram se acumulando e eu ficava chateada por vê-la enfrentando mais essa situação, sem que eu pudesse ajudá-la pelo menos com as coisas do dia-a-dia da casa, como eu sempre procurei fazer.

Isso tudo somado à saudade do meu país. Um verdadeiro sentimento de Homesick, apesar de ter menos dificuldade com a língua agora, a saudade de me sentir familiarizada com a cultura e, lógico, de ter por perto as minhas pessoas, só tornou mais um fator difícil de lidar em todo esse somatório.

As notícias e postura da família do meu namorado também foram me angustiando. Entendi que isso nunca mudará, e que infelizmente eu sempre terei de lidar com uma família completamente diferente de mim a ponto de às vezes me sentir enlouquecendo por não compreender definitivamente o porquê de certas atitudes. Voltei a pensar que preciso me proteger e estabelecer limites na família dele para que não me acarrete problemas eternos. 

Tudo isso somatizado acabou despertando minha dermatite atópica que já vinha dando pequenos sinais de volta, mas dessa vez veio no rosto em várias pontos que eu nunca havia experienciado, alergias de várias maneiras, as unhas roídas ao extremo a ponto de doer, alta irritabilidade, aumento expressivo e preocupante no consumo de chocolate, indisposição, desânimo e muito pensamento no sentido de voltar mais cedo pra casa. Foi difícil, foi solitário, mas aos poucos fui tentando conversar com meu companheiro sobre alguns pontos. Ele percebeu meu sofrimento e tentou me acolher, o que ajudou bastante. 

Hoje, ainda início de dezembro me sinto melhor, mas sinto que tenho que me manter atenta e forte pra não desandar de novo. Estou há 18 dias sem roer as unhas, com esmalte, esse ponto particularmente é uma conquista pessoal muito grande porque roo as unhas desde criança, pra ser sincera nem sei quando isso começou, a minha impressão é de que eu nasci doendo as unhas. Por alguns momentos na vida consegui parar, mas nunca por mais de 2, 3 meses. Dessa vez vou tentar manter essa chama acesa, porque isso é algo que melhora minha auto estima instantaneamente, porque gosto da minha mão, acho que as unhas grandes e largas ficam bonitas, e lembra mão da minha avó Lica, mas com o toque das veias da minha mãe, que tem mão e unhas impecáveis. As dermatites agora estão controladas, sigo com a rotina rigorosa de hidratação diária de manhã e a noite, ajustei o gel de lavar e o protetor solar, descobri um bom hidratante labial, porque passei o verão inteiro até a descoberta desse produto com os lábios em péssimo estado, algo que nunca havia me acontecido por tanto tempo, com tamanha intensidade. O consumo de chocolate ainda é um problema, ainda não consegui desenvolver uma maneira efetiva de diminuir e manter. Tenho medo da diabetes ou algum outro problema, afinal já são 30 anos... mas sigo no jogo. Comecei a fazer Yoga de segunda a sexta, o que tem me ajudado a me exercitar minimamente. Comprei um tapete, um incentivo pra manter o hábito. Ainda escapo da prática alguns dias e me culpo por isso, mas estou criando essa importância na minha mente, afinal a máxima "nunca me arrependi de fazer uma aula de yoga" é totalmente verdadeira. Uma pena ter demorado tanto a conhecer a prática.

Hoje o Brasil joga contra a Croácia, vou assistir sozinha, mas decidi abrir uma cerveja e tomar sozinha. Torcer pra nossa Seleção e pra que os pratinhos sigam no ar! Cada dia, uma nova batalha. Allez Luma!!