terça-feira, 19 de julho de 2022

Exercício

 Aproveitando a passagem por aqui, vou seguir de onde parei:

16 - as it was - harry styler (I don't hate it, I just got sick 'cause it was everywhere, all the time)

17 - eyes without a face - billy idol

18 - river lea - adele

19 - dreams - fleetwood mac

20 - bad guy - billie ellish

21 - dog days are over - florence and the machine

22 - happier than ever - billie elish

23 - harvest moon - neil young  (I am not gonna have a normal wedding like people use to dream on. but if I've had it would play this song 'cause I love it and I think its super romantic).

24 - the long and winding road - the beatles

25 - aí foi que o barraco desabou - jorge aragão

26 - varanda suspensa - céu e não sei dançar - marina lima (it reminds me my friend Bera, who I missed so much)

por hoje tá bom! foi gostoso lembrar dessas músicas.







40 graus no verão europeu: por que os franceses não gostam de ar condicionado?

 Já estamos em 19 de julho e eu notei que não escrevi nada ainda neste ano de 2022.

Analisando esta informação, entendo que não é sobre um fato isolado. É sobre estar ocupada planejando e vivendo em busca de realizar o que planejei durante todo este ano e final do ano passado...

Paris, 19 de julho de 2022.

Estou aqui desde o dia 1º deste mês. O plano é ficar 1 ano, vamos ver o que me aguarda. 

Trabalhei em um Hotel durante 6 meses em paralelo ao meu trabalho como arquiteta. E prometi que todos os recursos que conseguisse seriam para viabilizar minha vida em Paris a partir de 1º de julho. eu tinha 6 meses para juntar todo o dinheiro que fosse possível. E assim fiz, paguei todas as minhas despesas para estar aqui. Isso é muito importante pra mim. Quem assiste de fora (penso muito na perspectiva deles), pode pensar que meus pais pagaram tudo, que meu namorado pagou tudo, ou até que não houve despesas além da passagem. Quando, na verdade, as despesas foram muitas... A começar com o Seguro de Viagem por 1 ano, que é obrigatório, a taxa do Visto direto no Consulado da França em São Paulo, a viagem até São Paulo, que inclui passagem, estadia e alimentação, a negociação dessa dispensa no trabalho sem prejuízo no salário, a viagem para Ribeirão Preto, o tempo que passei lá antes da viagem, a passagem para Paris no verão (alta temporada!), a taxa do Visto após a entrada em território francês que é uma "facada". A taxa para usar a biblioteca nacional durante 12 meses, o passaporte do metro a ser pago mensalmente. Além disso, a anuidade alta do meu Registro no Conselho de Arquitetura e Urbanismo que, apesar de não ter usado, não é válido deixar inativo acarretando juros e multas, se a única coisa que tenho de verdade é a minha profissão.... Enfim, outras gastos como remédios contínuos pelos próximos 12 meses etc. Tudo isso eu tenho muito orgulho de dizer que quem pagou foi o meu trabalho, o meu esforço. E sem isso, eu não poderia estar aqui. O somatório é alto e jamais meus pais poderiam fazer por mim em um momento em que eles passam por uma crise financeira que eu jamais acompanhei em casa. Eu não teria essa coragem. Meu namorado também não poderia arcar com isso, isso comprometeria os recursos que são sempre planejados, estudados e detalhadamente registrados por ele. É o jeito que ele encontrou de ser controlado economicamente, por ser a única maneira de ele conseguir ter uma vida com um mínimo de segurança financeira. Além dos gastos acima, uma margem de segurança para converter de reais para euros, uma vez que nossa moeda está um desastre na conversão.

Enfim, senti a necessidade de escrever hoje, porque eu percebo que eu mesma acabo me subestimando e diminuindo minhas conquistas, meus desejos e minhas vontades. Acabo achando que tudo é um grande mimimi porque sou muito privilegiada e não ralo como o brasileiro precisa ralar pra apenas sobreviver. E eu sei que vou sobreviver independente do que fizer. Mas, ao mesmo tempo, as minhas vontades, a minha forma de enxergar a vida e de "estar no caminho certo" é vivendo, me sentindo viva, me desafiando, viajando. Mas um lado meu simplesmente me joga pra baixo realidade, que eu deveria estar no trabalho que estava antes de vir, talvez virar Gerente lá onde eles tentaram bastante fazer com que eu ficasse, desistindo de vir. Mas, mesmo com as incertezas eu vim.  E aqui estou. Falo pra todo mundo que estou trabalhando à distância, fazendo meus projetos. Sim, oficialmente tenho 01 projeto em andamento. Há outros 2 talvez 3 em vista, mas eu sequer enviei o orçamento. Sim, está nas minhas mãos. Então, sim, preciso entender que para viabilizar meu sonho de estar aqui eu preciso desse trabalho, que, veja bem que sorte, não tenho patrão, que é o que eu sempre quis, o que sempre sonhei! Mas para que isso seja de fato um trabalho eu preciso levar a sério a ponto de, de fato, trabalhar diariamente para isso. Estou atrasada em 1 semana. Mas, ainda há tempo. Preciso correr atrás para provar a mim mesma que é sim possível a vida à qual eu me propus!

Mais do que outras pessoas acreditarem, eu preciso acreditar! Em boa parte do tempo, eu sinto que quem não acredita sou eu, e acabo por interpretar um papel de quem está confiando, mas na verdade não está tanto assim. Dói constatar isso, mas preciso ter consciência desse fato, para trabalhar na mudança. Em Paris, temporada 2022:

- Já decidi que vou me esforçar para sair da zona de conforto

- Vou arriscar falar com as pessoas com a cabeça mais erguida, em francês. Não me apegar ao meu sotaque, apenas em me fazer entender. Esse é o objetivo, afinal, de se aprender uma língua nova: se fazer entender/ comunicar. E é esta relação que eu percebo que tenho com o inglês, por exemplo. Eu consigo me comunicar, posso me expressar. E isso não significa um inglês perfeito, mas um inglês eficiente. Esse é o meu objetivo com o francês.

- Falei pra mim que iria rir menos "de graça". Mas isso eu ainda não consegui (nem tenho certeza que devo buscar)... sempre que percebo, já foi: já sorri pra pessoa sem absolutamente nenhum motivo. O Brasil corre forte nas minhas veias, não tem jeito...

- Vou tentar me encontrar mais com as pessoas aqui. Brasileiros, colegas, desconhecidos, à medida em que as oportunidades forem aparecendo. Não vou me esconder, me fechar, me isolar.

- Tentar dizer mais SIM do que NÃO, tendo consciência dos meus limites. Mas talvez o exercício seja justamente esticar um pouco os limites - alongá-los.

- Aprender a conviver melhor com situações desconfortáveis. De longe acho que é o meu maior desafio... Mas, neste ponto tenho meu pai em mente. Ele sempre fala (ao seu modo) que quando você se desafia, principalmente em situações que pra você não são confortáveis, você cresce e aprende a viver mais forte. Que são estas situações menos acolhedoras e confortáveis que fazem você evoluir. Eu odeio isso, sempre questionei que ninguém deveria ter que sofrer pra viver, em nenhum sentido. Ainda acho isso, mas no meu momento atual entendo o que ele quis dizer e é disso que tenho sentido falta no meu desenvolvimento enquanto Luma de 30 anos. No caso do meu pai especificamente eu poderia escrever outro post, pois eu leio como muito complexo e infelizmente percebo que ele acaba sofrendo mais do que deveria na vida em geral, por razões diversas de noções adquiridas ao longo do caminho que poderiam ser revistas, para o bem dele próprio e dos que o cercam. Mas, voltemos a mim, sobre quem este texto se refere.

Venho pensativa desde que aqui cheguei, mas já vejo algumas tentativas de mudança de postura em  relação à Luma de 2017 que ficou 3 meses aqui.

Ontem recebemos uma notícia que foi um baque. O desaparecimento inesperado de um colega de profissão formado na mesma universidade que eu, que morou em uma das casas dos meus pais por um tempo e com quem temos alguns amigos em comum por isso eu sempre o admirei, e sempre nutri um sentimento bom em relação a ele. A notícia me pegou de jeito. Um menino responsável, trabalhador, talentoso, estudioso, educado, promissor. Ele é gay, um menino miudinho, bonito, a primeira coisa que pensamos é em Homofobia, principalmente no Brasil atual governado por alguém que estimula diariamente o ódio. Portanto pensei logo nisso à primeira vista. Depois me vieram outros casos em mente, de jovens que não estavam com a saúde mental bem e passavam por uma depressão, que saíram de casa sozinhos em momentos de vulnerabilidade psicológica. Fico, então, pensando neste sofrimento, e ao ponto que chega o ser humano que não está bem psicologicamente. 

E aí pensei: por que deixamos chegar a este ponto? Caramba, a vida é sim muito complexa, é difícil demais viver. Precisamos compreender a realidade deste fato e ser mais empáticos, ser mais acolhedores com os outros e suas dores. Isso também me faz pensar em outras coisas... quanto tempo temos que aceitar adiar nossos sonhos? Seguir o que manda a norma, o que seus tios e tias, seus pais esperam... Se você tem um sonho, uma vontade de viver diferente do que eles fizeram, diferente do que qualquer um deles ousou fazer. Até porque, em ambos os casos existe esforço, a questão é: em que vale mais a pena de colocar sua energia, sua disposição, seus esforços: no sonho dos outros, no óbvio que é esperado de alguém da sua idade, ou no seu sonho? 

A qualquer momento algo pode acontecer, algo que não depende de nós mesmos. Uma doença? um infarto fulminante? uma depressão? um atentado? um acidente? E aí, como você viveu a sua vida? como você vai ser lembrado? com suas experiências, os riscos que correu, os lugares que desbravou, as línguas que tentou aprender, os sabores que descobriu no caminho, as pessoas que foi encontrando no caminho, as culturas, os perrengues, as risadas que damos depois que passou o perrengue... 

Isso me ajuda a entender porque é tão forte em mim a vontade de estar aqui onde estou, em Paris, depois de me esforçar tanto para conseguir aqui estar, já que, se não fosse euzinha, eu não poderia estar aqui. Fico feliz por ter alguém do meu lado pra compartilhar as experiências, dividir o dia-a-dia, mas há coisas que são só nossas, os processos de cada um.

E eu tenho claramente essa sede por entender o que se passa comigo a cada fase. Tenho muito claro este instinto de ser honesta comigo mesma, Se não for assim eu começo a me sentir sufocada e rapidamente sou engolida. Depois é difícil sair daquela escuridão, então eu preciso agir antes. Preciso me respeitar, buscar me conhecer. Ler (ou tentar) minhas imperfeições, desejos, porquês.

Por tudo isso esse desaparecimento está mexendo muito comigo, e eu espero de toda  minha alma que o meu colega seja encontrado bem, são e salvo! Deus ajude que ele tenha essa outra oportunidade porque, apesar das complexidades, viver é maravilhoso. É duro, desafiador, e até dói às vezes, mas é lindo um dia ensolarado num parque verdinho fazendo um piquenique com roupas leves, à beira do canal tomando uma cerveja barata do supermercado enquanto o sol se põe, na praia (melhor lugar do mundo), no alto de uma montanha, numa estrada fazendo uma viagem com alguém que você ama ou então sozinha, pegando um avião, andando de moto por aí, passeando, sentindo o ventinho bater na cara refrescando um dia quente, comendo um brownie ou um macaron, ou um cachorro quente feito pela minha mãe, ou brincando com nossos cachorros (de preferência perto de água).

Muitas vezes é duro viver. Sim, muitas. Mas vai passar. Sempre passa. A parte boa passa, portanto aproveite, e também a outra parte, portanto vamos tentar identificar as mensagens que nos vão sendo passadas. Precisamos nos acolher!