muitos sentimentos novos.
me sinto no meio de um mar agitado. problemas por todos os lados, não exatamente relacionados a mim, mas a todos que me rodeiam. e eu no meio tentando equilibrar meus pratinhos, só que essas são as pessoas mais próximas a mim no mundo. e os problemas são graves, ou assim eu sinto. sobre ser esponja, mesmo lutando contra isto.
bleeding, i'm bleeding. my cold little heart.
a música acabou de falar isso, e é muito o que estou sentindo agora. tenho sofrido pelo problema dos outros -que eu fico tentando repetir mil vezes pra mim mesmo que são 'outros', e não meus. deve ser natural isso, mas não a ponto de eu me sentir sufocada. me sentir pressionada por todos esses lados. acho que eu na verdade não sou tão forte quanto pensam que eu sou. mas eu não aprendi a demonstrar fraquezas, e elas só surgem em forma de explosão quando transbordam... nesses momentos, eu costumo vir aqui, neste diário que mantenho há tantos anos e que já até apaguei coisas.
mas ainda com este espaço pessoal onde posso ser eu mesma e me abrir e tentar me aliviar, sinto que preciso de mais. de alguém pra conversar. uma pessoa fora de mim. nestes últimos tempos tenho sentido muita necessidade de ter uma Analista, a quem eu pudesse estabelecer um fio sobre minha vida, minhas experiências, e tentar verbalizar dentro de alguma linearidade as coisas dentro de mim. minha personalidade, minhas relações, minha infância, minha adolescência, sobre mim. Só sobre mim mesma, sem precisar tentar dar conta sempre das questões dos que me rodeiam. Tenho me sentido só, sentido que sou muito ouvido e muito pouco palavra. Isso é muito sobre a minha personalidade, eu tenho esta consciência. Não aprendi a falar sobre meus sentimentos com ninguém, não aprendi a ser vulnerável (pelo menos não a mostrar tal vulnerabilidade), e eu sou. Escrever realmente é muito mais fácil pra mim do que falar. Mesmo escrevendo só pra mim mesma ler.
Meus pais viveram uma crise, meu namorado viveu problemas de saúde física e mental, meus irmãos não são tão próximos e eu não sei o que eles passam assim como eles também nada sabem sobre mim. nossa relação é prática, direta, alguns conflitos, mas conseguimos conviver pacificamente a maior parte do tempo - aprendemos, eu acho. mesmo que ainda haja conflitos esporádicos.
conversando com meu namorado - que é com quem tenho conversas mais profundas (mesmo que não tanto quanto as que estabeleço neste espaço virtual), quando ele contava que se sente mal por não ter um lugar fixo, por estar sempre de mudança, e ter sempre que pensar como carregar a "casa" nas costas de uma cidade para outra, e pensar em toda a logística de novo e de novo. que ele não se sente bem na casa da mãe, onde não consegue passar um tempo mais longo sem se sentir muito mal, alguma coisa o afeta.
música delicia que começou a tocar: Black Pumas - Colors (Official Live Session). eu estava um pouco down, estou me sacudindo no ritmo. Um embalo muito agradável :) surpresa boa!
voltando... dessa ultima vez especificamente começaram muitos barulhos que o levaram a uma situação grande de estresse que acabou gerando um ruído intermitente no ouvido dele. dentre muitas outras coisas, questões que ele passou e passa que me fazem sofrer quando me coloco no seu lugar. mas voltando à sensação de não-pertencimento e até de não se sentir em casa em nenhum lugar. eu também sinto um sentimento parecido sobre isto. aprendi a viver em paz na casa dos meus pais, que também chamo de minha. aprendi a conviver em paz com meus irmãos e com meus pais sem que isso me tirasse a paz. mas, ao mesmo tempo, não me sinto mais "em casa" quanto há alguns anos... hoje em dia tenho tenho meu modo de viver dentro de uma casa, discordo de formas que eles mantém tudo um grande "caos controlado" (o maior paradoxo deste texto). mas não tenho e nunca tive um lugar só meu, onde eu me sinta 100% em casa. nunca nem aluguei um lugar com meu proprio dinheiro, sob minha unica escolha. enfim, as vezes duvido se isso vai acontecer algum dia, mas mesmo em uma condição que nunca aconteça (extrema de se considerar, eu sei, mas pra mim é necessário processar isso em meu cerebro e me preparar para conseguir manter minha sanidade), preciso tornar minha realidade suportável pra mim mesma. e por isso, trabalho em tentar manter a paz, respeitar os espaços, saber até onde ir, e tentar sempre aprender a limitar também até onde os outros podem ir sem invadir meu espaço. e nesta parte eu ainda careço de muito aprendizado...
enfim, a questão é que: embora eu ame me expressar escrevendo, sinto que há muito (mais) a ser expressado. e os textos precisam ter um mínimo de coesão e coerência em sua construção senão ficam apenas palavras soltas sem sentido algum. e neste sentido, sinto que poder falar sobre as coisas criando uma mínima linha de raciocínio, uma mínima linha do tempo dos fatos, atualmente me faria bem. não conheço uma profissional que possa me ajudar ainda, e sei que sequer tenho dinheiro pra pagar a um período maior, mas queria experimentar ser o centro das atenções por 1 hora, falando sobre mim, ja que escuto tanto sobre os outros e dou meus pitacos. sinto que tenho muita história pra contar, sobre como enxergo as coisas, alguem que pudesse me ajudar em tantas falhas que sei que tenho, meus ímpetos, minhas explosões, minha falta de capacidade em expor fragilidades, falta de capacidade de demonstrar carinho em qualquer pessoa. tanta coisa! queria entender da onde vem tudo que sou, tudo que sinto, tudo que vivo, mesmo que precise passar horas contando muito do que já vivi, minha história, minha vida, infância, todas as fases. tentar buscar. investigar. me expor. a coisa que mais odeio é me expor. isto já diz tanto sobre mim... se pudesse escolher agora uma frase pra me descrever seria esta: o que mais odeio é me expor. e daí acho que já pode sair muita coisa. preciso explorar. todos estes sentimentos dos ultimos meses me levam a este caminho daqui para frente.