quando eu era Luma em 2010, 2011, costumava ter um amigo com
quem compartilhava todos meus anseios, e desfrutava do que começava a oferecer,
a vida jovem, em seus prazeres e amargores. Sempre serelepes como crianças
crescidas que se divertem com preocupação nenhuma com o porvir - que reflete-se
também e principalmente em minhas estruturas emocionais dos anos em diante, e
da Luma que viria em 2013, 2014 ...
Era feliz e triste em instantes. De uma intensidade com a
licença da imaturidade. Foi ali o primeiro encontro com o que é relacionar-se
com outra pessoa, no sentido mais profundo. Éramos unidos,
pensávamos em dupla.
Com o tempo e os mal entendidos dados à diversão
inconsequente de juventude -algo bastante compreensível, à época- a situação
tornava-se insustentável para ambos os lados, mas o meu gênio jamais admitiria
perder algo que me tornou de subsistência. Então era a primeira vez que encarei
face a face o sofrimento. Algo forte que me pegou de jeito... e que ficava
guardado me amordaçando porque meu único porto seguro já não podia ser.
Lembro-me de propor que a amizade continuasse, mas porque era minha única
garantia de não perder minha angústia em meu interior e jamais encontrar
serenidade outra vez. Desesperador foi constatar que o cansaço era tamanho que não havia maneiras de
manter algum vínculo, aquilo nos estava atrasando, tornando-se insuportável. Eu
jamais admitiria isso, pois seria como perder... demonstrar fragilidade.
Orgulho demais sempre me impediu. Então tudo ruiu e foi muito difícil, mas
neste momento de quase loucura e peso, muito foi se clareando, ser humano que
somos, vamos encontrando maneiras, descobrindo estratégias mentais de passar
por aquilo. Lembro que o que muito me ajudou foi a música. E então a
espiritualidade surgia em minha vida e fazia sentido viver toda a dor por algum
motivo. Não, eu não fui abandonada por Deus e deixada sozinha à míngua. Não,
aquilo era uma oportunidade.
A partir de então, todo o porvir já não seria mais a
primeira experiência -nem a última- eis que passei q me sentir uma jovem
senhora. E então a me jogar na vida como se uma auto afirmação de querer voltar a ser jovem e pertencer à minha geração (sentia-me muito distante das
pessoas que também tinham 20 anos).
Tempo depois -e ainda me pergunto se todo o amadurecimento
daqueles anos se mantêm na Luma de 2014-, outro envolvimento profundo -relutado
de início- se deu, e cá estou. A dúvida do amadurecimento está mais forte do que
nunca... o momento é outro, outras questões agora estão em voga, evidentemente,
outras peculiaridades. Só gostaria de não me esquecer do que foi experimentado
e que gerou aprendizado para não desperdiçar esta oportunidade que a vida me
proporciona de estar com uma pessoa tão bacana. Quero, de fato, merecer esta nova oportunidade. É isso. Como uma outra chance de, dessa vez, lidar com mais
maturidade com meus sentimentos sem deixar que tornem-se infantilmente
orgulhosos, mimados, histéricos.
Gostaria de ter calma e fé que tudo está como deve ser, pensar nas atitudes, e se perceber que uma briga pode ser desencadeada, deixar
pra depois, com a cabeça mais fria. Engolir o orgulho que trago. E ser feliz, leve, dentro do que eu
for capaz, é claro, reconhecendo minhas limitações evolutivas. Não quero ser
perfeita, ou forjar algo em mim, mas esforçar-me para que sinta-me mais feliz.
E se precisar acabar -tudo passa, tudo sempre passará-, que eu saiba terminar bem, assim como soube
começar bem. Em paz e sem optar novamente por aquela dor desmedida. Como já
disse, não é mais a primeira experiência.