Então as pessoas passam a vida em busca de um namorado, de boas notas na faculdade, passam a vida tentando corresponder às expectativas dos pais -que são quem as sustentam-. E quando elas cansam de buscar por estas coisas, então elas se formam, e agora começam a buscar por um namorado que tenha planos de ter filhos e casar, por um emprego que pague bem, por concretizar o sonho de sair da casa dos pais e pagar suas contas...
Não julgo, porque estas pessoas são todos nós, com nossas diferenças e peculiaridades. No meio do caminho, às vezes, um ou outro momento de fraqueza que faz inventar uma indisposição qualquer para perder (ou ganhar) o dia. Inconsequência? No ritmo frenético no século XXI, sim, inconsequência. A própria pessoa que se atreve a um ato desses, não se sente fazendo algo a que tem direito. Sente-se transgressora, atrevida, porque de certo, as consequências virão.
Mas, se todos estamos predispostos a esta sina de busca intensa por todas as coisas enumeradas no início e muitas outras, qual será a saída? Não tem saída? Não podemos romper sem culpa? Ora, foi preciso inventar uma indisposição! Não, não podemos romper.
Se a pessoa tem um namorado, tem notas razoáveis na faculdade, tem uma vida social bacana e uma rotina familiar tranquila... e não está ainda assim satisfeita? Que triste, o mundo. Tem dias em que esta pessoa só quer sair por aí -e olha que me refiro aqui a um dia de fim de semana mesmo, que seja..- acompanhada pela pessoa a quem pode abraçar, beijar, ficar entrecorpos e conversar ... mas, aí a sensação é de que Não se é mais dona de si, livre. Des-satisfação. O paradoxo é este. Antes a busca era muito frustrante, a cobrança da sociedade gigante, um fardo enorme. Agora, a frustração mudou de campo. Mudou de time, mudou de esquerda pra direita.
A pessoa pode se deprimir aí, mas pode apenas colocar pra tocar Rolling Stones e começar a escrever um texto que só ela vai ler. A pessoa pode perder mais uma prova no semestre, garantindo assim que seu final de período seja ainda mais "emocionante" ou pode simplesmente ignorar (ou adiar) esta frustração e seguir sua rotina, como sempre é. Esta última alternativa é o que acontece todos os outros dias da vida. Vez ou outra eu gosto mesmo é de colocar pra tocar Rolling Stones e perder a prova de Sistemas Estruturais pra escrever um texto que só eu vou ler, e ver muitos episódios de Sex and the City sob a consciência de que isso não me deixará menos pertencente ao século XXI de corpo e alma que já sou...
Beijos.
